VISITA GUIADA A ROMA COM PASSAGEM POR BELÉM (Jornal A Bola - versão papel)

Sósia de Romário estreou-se no Restelo com golo e assistência

Não promete golos, mas a verdade é que já os marca. E em estilo. O avançado brasileiro Roma, alcunha que ganhou no Flamengo devido às parecenças fisionómicas com o conhecido Romário, chegou a Belém rotulado de craque e a estreia na Liga, anteontem com o V. Setúbal, confirmou que o Belenenses contratou um jogador que rapidamente deverá tornar-se no ídolo dos adeptos. O cartão de visita deixou-o à equipa do Sado: esteve nos dois golos, primeiro como assistente de José Pedro e, depois, do alto do seu 1,69 metros marcou o segundo.

As semelhanças físicas com o baixinho, o conhecido brasileiro Romário, são por demais evidentes, mas um olhar mais atento à forma como Roma se posiciona, se desmarca e remata confirmam que estamos na presença de uma espécie de clone do antigo avançado do PSV e do Barcelona nos anos 90. No Restelo, depois da prometedora exibição com o V. Setúbal, todos esperam que as semelhanças entre Roma e Romário se estendam também ao número de golos marcados no final da temporada.

A história da alcunha de Paulo Marcel Pereira Marabet conta-se em poucas palavras. «No Flamengo, em 1997, comecei a ser chamado à equipa principal, na qual existiam muitos jogadores Paulo. Alguém começou a chamar-me Roma, devido às parecenças físicas com o Romário, com quem cheguei a jogar. Aliás, ele (Romário) não se importou com a situação, antes pelo contrário, considerou até um elogio. Roma é um nome mais fácil para os adeptos decorarem», recorda o avançado, humilde na hora de receber os louros pela prometedora estreia:«Entrámos um pouco ansiosos, mas tranquilizámos com o golo do Zé Pedro. Importante é que a equipa vença e cumpra os objectivos. Marquei na estreia, estou muito feliz por isso, mas não posso prometer golos aos adeptos, apenas muito trabalho e dedicação ao Belenenses. Para já, deixei o meu cartão de visita, depois logo se vê.»

Avançado ou médio ofensivo?

O treinador Jorge Jesus utilizou o brasileiro na posição de organizador, logo atrás do compatriota Manoel. Roma diz não ter preferência em jogar como médio ofensivo ou ponta-de-lança, porque verdadeiramente importante é jogar. «Nem que seja a defender a baliza», realça o 19 do clube, numa curiosa associação entre números e respectivas posições no campo:
«É indiferente a posição em que o treinador me coloca, como avançado ou como organizador. Mas reconheço que prefiro criar para que outros possam finalizar.»

Família chega amanhã
Bem-vinda, Rafaella

Longa se tornou a espera que amanhã termina. A família de Roma, a mulher Armanda, as duas filhas, Marcella e Rafaella, e o pai, Paulo Merabet, juntam-se amanhã ao avançado do Belenenses. Para o outro lado do oceano Atlântico, Roma envia uma mensagem muito especial. «O golo que marquei é dedicado à minha filha Rafaella, dois meses de idade, a minha grande inspiração», diz Roma, que desvenda qual o seu passatempo de eleição: «Brincar com as minhas filhas é o meu divertimento favorito, porque a família é a minha prioridade.»

Passagem pelos Emirados Árabes
Duas semanas, 90 minutos

No final de 2002, Roma viveu um dos episódios mais surreais da sua carreira, quando o Flamengo decidiu emprestá-lo ao Al-Nassr (Emirados Árabes Unidos), clube pelo qual realizou… um jogo, marcando presença em Dezembro desse ano na final da Taça Sultão, adaptado à realidade portuguesa, a Supertaça. «O Flamengo devia-me cinco meses de salários e, por incrível que pareça, surgiu uma proposta de um sultão dos Emirados Árabes Unidos para que jogasse pelo Al-Nassr na final da Taça Sultão. Vivi no Médio Oriente durante 15 dias, num país estranhíssimo. Joguei, marquei um dos golos (2-1) da equipa, mas não gostei da experiência», admite o brasileiro, directo ao assunto quando questionado se foi enriquecedora. «Se foi! Passei um Natal super tranquilo!», explica Roma, que também já passou pelo futebol coreano, mais concretamente pelo Ulsan Hyundai.

Elogios a Jorge Jesus, O Destemido
Azuis, não tenham medo!

Roma ainda não se sente suficientemente confortável para se pronunciar sobre o futebol português. Para já, os primeiros passos estão a ser dados na companhia de Nivaldo, central do Belenenses contratado esta época, velho conhecido do Brasileirão, onde a dupla se defrontou num Coritiba-Flamengo. Apesar de ainda estar a aventurar-se no desconhecido, algo já se tornou numa certeza: o espírito de equipa incutido pelo treinador Jorge Jesus ao plantel belenense. «O técnico diz-nos para não termos medo de nada nem de ninguém. A equipa tem um compromisso com os adeptos e quer cumpri-lo», defende Roma, que admite alguma ansiedade colectiva na hora da estreia. «Sim, estávamos nervosos mas preparados», diz o avançado, cujos elogios também se estendem ao amigo Nivaldo. «Quando o Nivaldo chega perto, deixa de haver espaço para jogar», palavras que encontram eco no sentido inverso. «É um jogador muito difícil de marcar. Tem todas as qualidades possíveis e imaginárias.»