Juventude de Belém

Espaço dedicado ao GRANDE CLUBE DE FUTEBOL "OS BELENENSES"

terça-feira, janeiro 01, 2008

FUTSAL: ENTREVISTA COM O ALÍPIO MATOS

Aproveitando a longa pausa no Campeonato Nacional, fruto da realização do Campeonato da Europa de Futsal, o Portal Oficial do Belenenses entrevistou o técnico da equipa principal de Futsal, Alípio Matos, para saber os segredos que estão por trás deste brilhante início de época da nossa equipa.

- Esta é a quinta época do Futsal no Belenenses e, claramente, é uma época que marca um novo ciclo da modalidade no Clube, após um ciclo de quatro anos que nos levou da III Divisão até à estabilização na I Divisão. Até onde pensa que este novo ciclo do Belenenses nos pode levar?

- Antes de mais nada, gostava que este novo ciclo fosse um ciclo de sucesso e de ambição. Quando vim para o Belenenses perguntaram-me o que é que seria o Futsal do Belenenses e eu respondi que o Futsal do Belenenses seria aquilo que o Clube, e a sua Direcção, quisessem que fosse. Tendo em consideração essa premissa, criámos duas prespectivas: uma mais ambiciosa e outra menos ambiciosa, de acordo com os apoios angariados e com aquilo que o Clube quisesse que a equipa fosse no panorama nacional. Se quiser que sejamos uma equipa forte, que consiga ombrear com as melhores equipas, com as equipas profissionais, terá que existir essa vontade e esse apoio da parte do Clube. Logicamente que isso passa por uma evolução gradual, a nível de estrutura, a nível de obtermos mais patrocínios e ao nível do apoio do Clube, para que nós consigamos que este novo ciclo seja mais positivo, mais ambicioso e mais evolutivo. Sem esmerecer o trabalho bastante positivo feito no ciclo anterior, pretendemos com este novo ciclo chegar mais próximo das equipas que lutam para ganhar provas e acho que esse é o desejo e a ambição que um Clube como o Belenenses, pela dimensão e grandeza que tem, merece ter. E esse é que vai ser o nosso trabalho.

- O Futsal é uma modalidade em grande expansão, cada vez mais com maior visibilidade a nível televisivo e da restante comunicação social. Acha que o Futsal, no Belenenses em particular e no país em geral, tem condições para crescer mais, a nível de sponsorização e de obtenção de mais receitas. Existe mercado para apostar forte no Futsal e assim as equipas puderem fazer investimentos superiores?

- Eu acho que sim. Um Clube com o prestígio e a grandeza que o Belenenses tem, pode e deve ter mais condições de projecção do que outros clubes com menor nome e estatuto no panorama desportivo nacional. O Futsal já é a segunda modalidade nacional, não só a nível de praticantes, como a nível de visibilidade e de audiências televisivas. Não tenho dúvidas que comparativamente com outras modalidades, o Futsal vale o dobro a nível de audiências televisas. Portanto em termos do chamado retorno publicitário, a nossa modalidade tem um peso enorme, apesar de alguma imprensa ainda não divulgar o Futsal com a mesma atenção com que faz a divulgação de outras modalidades. Se conseguirmos aumentar a projecção da modalidade e fazer com ela seja ainda mais divulgada, O Futsal terá um crescimento ainda maior e a visibilidade e o retorno para os patrocinadores será cada vez mais aliciante. Agora temos que trabalhar muito bem nesse sentido, no objectivo de angariar mais apoios, porque o mercado não está fácil...

- A nível desportivo, o Belenenses está a realizar um excelente início de época, penso que acima das expectativas, ao liderar o campeonato invicto, com sete vitórias em sete jogos. No entanto, é natural que essa invencibilidade não durará sempre. Teme essa primeira derrota? Receia a reacção dos jogadores a essa primeira derrota?

- Temos falado com os jogadores sobre isso. Temos falado muito sobre isso, porque logicamente que algum dia vai surgir uma derrota, mas o mais importante é sentir que a equipa está com uma consistência muito forte e com muita personalidade e isso é aquilo que mais me agrada neste momento. A equipa está muito competitiva, trabalha sempre nos limites e tem um espírito de grupo e um ambiente fantástico, e portanto, nós queremos adiar essa derrota o mais possível. É evidente que nunca gostamos de perder - eu particularmente odeio perder - mais temos que saber perder, temos que ter a noção que algum isso vai acontecer e quando isso acontecer é porque o adversário foi melhor e justificou a vitória. O que me importa sentir é que o Belenenses pode ganhar a qualquer equipa e é isso que tem acontecido até agora, apesar de termos tido um pontinha de sorte num ou outro jogo, que num futuro poderá cair para o lado do adversário. Agora interessa realçar que a equipa tem qualidade e que os resultados obtidos não são fruto do acaso, mas sim pelo mérito e pela qualidade dos jogadores e pelo trabalho realizado, apesar de muitos deles virem de escalões secundários.

- O plantel do Belenenses sofreu uma grande revolução, mantendo apenas três atletas da época anterior num total de quinze jogadores. Estava à espera de um início de época tão positivo considerando que este plantel foi feito de raiz, sem trazerem quaisquer rotinas de jogo da época anterior?

- Cada treinador tem as suas convicções e gosta de trabalhar com determinado perfil de atletas, não só em termos humanos como em termos técnicos, fisícos e tácticos e eu procuro sempre ter um equilíbrio muito grande entre todos os sectores de jogo e procurar atletas que tenham uma grande vontade e ambição em jogar num Clube como o Belenenses. Como já disse, o Belenenses não pode nunca ser um Clube para um jogador acabar a sua carreira desportiva, mas sim um Clube para os jogadores novos aparecerem, mostrarem a sua ambição, a sua qualidade e o seu orgulho em representar a equipa. Esse é o espírito que tentámos criar esta época aqui no Restelo. Através dos três jogadores que transitaram da época passada o espírito e a mística do Belenenses foi transmitido para estes novos jogadores, e depois, o resto é trabalho! Muito trabalho. Mérito sobretudo dos jogadores, que têm qualidade, porque com jogadores pernas-de-pau nenhum treinador consegue fazer nada. Eu e os restantes membros da equipa técnica temos uma quota-parte de mérito, porque colocamos todos o nosso cunho no trabalho realizado, mas os jogadores é têm o potencial, apesar de lhes faltar ainda muita coisa, sobretudo a nível de cultura táctica, porque nunca jogaram a este nível, mas estão a evoluir e adaptaram-se mais rápido do que aquilo que pensava. A equipa consolidou-se apenas num mês e está a jogar bem, sempre num nivel bastante agradável, porque não é uma equipa de oito ou de oitenta, e isso dá-me garantias para o futuro, para que a equipa possa evoluir ainda mais. Depois de consolidar a equipa nesta fase inicial, que era a mais difícil, pretendemos subir para outros patamares. Felizmente temos crescido com vitórias, o que é muito bom e moraliza ainda mais a equipa.

- Muitos destes jogadores vieram de escalões secundários e do Brasil, sendo jogadores desconhecidos dos adeptos da modalidade. Como foi feito esse trabalho de pesquisa e de prospecção dos jogadores?

- Quando temos o perfil dos atletas pretendidos definidos e quando temos a noção que temos muito pouco dinheiro para gastar, temos de ser mais rigorosos e criteriosos na escolha porque não podemos falhar. Apesar de poder acontecer, por vezes, um atleta não se adaptar à vida de um clube, quando esse trabalho é bem feito, o risco é menor. Nós pesquisámos bastante, já conhecíamos alguns dos jogadores, por exemplo, o Paulinho já estava por mim referenciado desde o tempo que estava no Benfica. O Pedro Cary também estava referenciado. Eu tinha estes atletas já referenciados e conhecia-os bem, sabia que tinham muito potencial. O Matê também conhecia bem, o Cautela já tinha sido meu jogador no Benfica, apesar de surgir agora vindo de um escalão secundário, mas com bastante experiência. Em suma os jogadores foram vistos, revistos, analisados, tentámos saber o seu carácter como homens e avançámos para a sua contratação, fazendo um plantel que alternasse a juventude com a experiência. Os jogadores brasileiros, que nós pretendíamos serem uma mais-valia, foram recrutados após muita visualização, muita análise, porque sabíamos que a margem era reduzida para podermos errar na sua escolha. Felizmente resultou e estamos bastante satisfeitos. Méritos dos jogadores que são jovens, que têm uma ambição e um carácter muito forte, com muita humildade, e esse vai ser o nosso lema ao longo da época. Fundamental é o espírito de equipa e o orgulho de representarem o Belenenses, e nesse aspecto temos uma equipa muito forte e compacta, que independente dos resultados obtidos, tenha sempre um espírito ambicioso.

- Existe uma grande ligação e empatia entre os adeptos do Belenenses e a equipa. Isso é importante para a equipa? Sente esse apoio?

- Sinto, claro que sinto, mas isso já eu sabia que iria acontecer, mas nós também temos que puxar pelos sócios. A equipa é que tem que mostrar aos sócios que joga, que luta, que dá o máximo e que independente de ganhar ou perder dá sempre tudo o que tem e que honra e dignifica o Belenenses. Se juntarmos a isso boa qualidade de jogo e bons resultados, é claro que a ligação será cada vez maior. Naturalmente que os sócios do Belenenses gostam que a equipa ganhe, e com mais vitórias é lógico que venha mais gente e que o apoio seja cada vez maior. Existe de facto uma empatia muito grande, mas os resultados ajudam muito. Nós sentimos que estamos a ser apoiados como nunca, seja nos jogos em casa ou fora. Existe um grande apoio e uma grande cumplicidade e isso faz sempre falta, sendo que esta modalidade tem essa vantagem que é a proximidade dos atletas com os adeptos, não há o distanciamento que existe noutras modalidades, em que os atletas se sentem como deuses e agem de forma distante. É muito interessante e positivo este hábito dos atletas cumprimentarem os adeptos no final do jogo, porque assim comunicam, porque sensibiliza os atletas, porque aproxima os atletas dos sócios, porque trocam ideias e opiniões, porque as duas partes sentem que estão todos a puxar para o mesmo lado. Portanto o objectivo é continuar a jogar bem, continuar a ganhar, para que a modalidade consolide cada vez mais o seu espaço dentro do Clube.

- E para terminar, o Alípio também sente esse apoio dos sócios? Também sente essa empatia dos adeptos do Belenenses?

- Com a minha idade, eu só estou a treinar onde me sinta bem. Isso responde à sua pergunta. Se não me sentisse bem no Restelo, não estaria cá, porque já não tenho idade nem paciência para aturar situações que não goste. O Futsal para mim é um hobbie, não preciso do Futsal para viver esempre trabalhei no Futsal como paixão. Felizmente nos sítios que tenho passado tenho feito só amizades. Sinto-me muito bem aqui, acho que fui muito bem recebido e quero contribuir trabalhando e ajudando a equipa a crescer, sempre em prol do Clube, sendo que, sou respeitado e respeito muito as pessoas do Clube. Temos de facto um grupo muito bom, com muito espírito, existe um excelente convívio entre nós e portanto, até agora, é tudo bom o que sinto em relação ao Clube. Gosto do Clube, tenho raízes muito antigas com o Clube, gosto das pessoas e as pessoas gostam de mim e eu, como pessoa simples, sinto-me bem onde me querem bem.

FONTE: http://www.osbelenenses.com/