JOGO IMPORTANTE, REUNIÃO DECISIVA

O plantel de Jorge Jesus realizou ontem dois treinos para iniciar a preparação da recepção ao Boavista. Um jogo importante, numa semana importante, dir-se-ia com traços fundamentais, que, quinta-feira, tem agendada uma assembleia geral extraordinária, no Pavilhão Acácio Rosa, para discutir o presente do clube e votar o orçamento rectificativo para o segundo semestre de 2006.

CORRIDA DAS SALÉSIAS AO RESTELO É JÁ NO PRÓXIMO DOMINGO

RECRIAR PERCURSO MÍTICO

Em ambiente de festa e de alguma nostalgia foi apresentada ontem, nos míticos Pasteis de Belém, em Lisboa, a Corrida das Salésias ao Restelo. Marcada para o próximo domingo, a prova, além de comemorar os 50 anos do Estádio do Restelo, pretende recriar o espírito do passado com esperança no futuro do Belenenses.

Coordenador da iniciativa o professor Fonseca e Costa ajudou à partilha de histórias em que se transformou o encontro organizado ontem para explicar o que se pretende desta prova: uma festa do desporto e do Belenenses no percurso que há meio século serviu de palco à transferência simbólica dos azuis das Salésias para o Restelo.

«Juntámos pessoas do passado e do presente para promover a prova», começou por explicar Fonseca e Costa, ladeado de atletas, actores e músicos: «Espero que seja uma grande festa a marcha simbólica para celebrar os 50 anos do Restelo.»

E tudo está pensado para que o dia 1 de Outubro seja um sucesso. A inscrição, na qual estão incluídos o dorsal e uma t-shirt, custa cinco euros. Por mais 10 euros está prometido um churrasco no Estádio do Restelo, no qual os presentes poderão confraternizar e desfrutar da vista fantástica.

Luís Represas, Fernando FErrão e Francisco Nicholson, apoiantes confessos do Belenenses, foram algumas das figuras presentes na conferência de Imprensa de ontem que prometeram aliciar amigos, colegas e familiares a participarem nesta corrida simbólica.

Os ex-atletas Tomás Paquete e Carlos Lopes, antigos treinadores no Belenenses, também prometem não faltar à convocatória para domingo, estando desde já prometidas as presenças de Rosa Mota, Aurora Cunha e Manuela Machado.

JOÃO MAGALHÃES, ANTIGO PRESIDENTE DO CLUBE, ARRASA O ACTUAL LÍDER DOS GALOS

DEMITA-SE, FIÚZA!

João Magalhães, figura conhecida e reconhecida pelo universo gilista. ergue a voz e arrasa a política de António Fiúza. Líder do Gil Vicente de Outubro de 1998 a Fevereiro de 2003 - foi durante o seu reinado que o emblema de Barcelos somou o único título nacional em 82 anos de história (campeão de Liga de Honra, 98/99) e conquistou a melhor classificação de sempre na Liga (quinto lugar, em 99/2000) -, João Magalhães sente-se no direito de exigir a demissão do actual presidente e de apelar à participação da equipa na próxima jornada, para que não seja decretada a sentença de morte dos galos.

- Revê-se nas últimas decisões da Direcção do clube?

- Nem nas últimas, nem nas anteriores. Isto é uma vergonha autêntica, tanto para o Gil Vicente como para a cidade de Barcelos. A imagem que o senhor António Fiúza está a passar do clube e da cidade é miserável. É bom que as pessoas despertem para a realidade e impeçam o actual presidente de acabar com o clube.

- Mas não foram os sócios que legitimaram todas e quaisquer decisões da actual Direcção?

- Foram... E não foram.

- Importa-se de explicar?

- De facto, na última assembleia geral foram concedidos plenos poderes aos actuais dirigentes para prosseguirem com uma política, no mínimo, questionável. Mas a verdade é que esse plenário a maioria dos presentes não eram sócios, isso posso garantir. Foi criado todo um cenário que inviabilizasse o aparecimento de vozes discordantes. E falo por mim, que até fui aconselhado a não abrir a boca nessa assembleia, sob pena de ser insultado, atacado e sabe-se lá que mais...

- Quem cala consente, certo?

- Não, não consente. Se houve quem se calasse, e eu fui um deles, reconheço, foi porque não havia condições para falar. Não sou herói, sabe... Sou, sim, gilista e tudo isto que está a acontecer ao nosso clube é mai de mais. Acredito que não serei o único a pensar dessa forma.

- Como assim?

- Nesta altura, a maioria dos sócios sente-se enganada e ultrajada por esta Direcção. Vivo rodeado de pessoas que amam profundamente o clube, que trabalharam no clube e que se sentem indignadas com o rumo que este caso levou, um rumo extremamente perigoso.

- Receia pelo desaparecimento do clube?

- Não terei motivos para recear?!...

- Pode ser mais explícito?

- É óbvio que tenho motivos para recear e já telefonei ao presidente da Assembleia Geral para pôr cobro a tudo isto e para marcar uma nova assembleia, por forma a que o senhor Fiúza não leve longe de mais ideias tão pouco sérias. Ele é presidente e não dono do clube, como infelizmente se julga. O Gil Vicente não é nenhuma fábrica nem uma empresa dele. É uma instituição que pertence a todos os barcelenses.

GIL VICENTE NUNCA DEVERIA TER FALTADO A QUALQUER JOGO

- Que fazer, então?

- Antes de mais, começar imediatamente a jogar na Liga de Honra. Aliás, já o devíamos ter feito. Melhor: o Gil Vicente nunca deveria ter faltado a qualquer jogo, por mais razão que tivesse em todo o processo, pois a partir do momento em que foi decretada a despromoção do clube, havia mecanismos que podiam ser utilizados na tentativa de defender os interesses do Gil Vicente em pôr em causa o futuro do emblema. Por mais penoso ou injusto que fosse, se tivéssemos entrado a jogar podíamos alimentar o sonho da subida, agora isso começa a ser mais complicado. O senhor Fiúza já devia saber que o futebol é um mundo à parte, com especificidades e leis próprias. O regime legal não é o mesmo por que se regem os países. Há uma instituição superior que é a FIFA e se o clube foi contra o regulamento por esta criado, há que assumir os erros e andar para a frente.

- Está a querer dizer que o caso Mateus foi mal conduzido pelo clube, é isso?

- Somos confrontados quase diariamente com provas e exemplos disso. Terá sido por acaso que outros clubes decidiram recuar na contratação de Mateus? Sinceramente, não me parece. O mais grave é que o senhor Fiúza andou a apregoar que antes dele o clube era uma desorganização completa e que agora é que estava bem... Afinal, não será bem assim, pois se houvesse tanta organização o mais certo é que nunca chegasse a haver razões para surgir um caso Mateus...

JOGADORES ABANDONADOS

- Sentiu-se melindrado com essas críticas?

- É óbvio que me senti. E não fui o único. Ainda há dias, na televisão, o que é mais grave, António Fiúza assumia-se como uma pessoa séria de mais para andar no futebol. Se ele é sério de mais, os outros que o antecederam não o eram? Espero que na próxima vez meça bem as palavras... Eu também quando cheguei ao clube fui confrontado com situações difíceis, mas não andei por aí a chorar ou a atacar indecentemente os outros, porque tenho consciência que gerir um clube não é facil e se ele não sabia disso então nunca deveria ter assumido a presidência. Eu também gostava de ser Presidente da República ou Primeiro-Ministro mas sei que não tenho capacidades para sê-lo. E depois desta confusão toda o melhor que ele tem a fazer é colocar o lugar à disposição e demitir-se.

- Posição radical...

- Mas inevitável. Se já nem os jogadores se sentem protegidos!... Pelo contrário, têm mais é de se sentir abandonados. E esse argumento de que não há dinheiro para pagar salários soa a estafado. Se não há, arranja-se, pode ele ficar descansado.

FONTE: JORNAL "A BOLA" (versão papel)

A FUGA DE FIÚZA

A teimosia é um defeito complicado. Que o digam os jogadores do Gil Vicente, não só os do plantel principal, mas também (ou sobretudo) os das camadas de jovens que por causa de Fiúza viram impedidos de jogar futebol.

Fiúza colocou hoje o lugar à disposição, dizendo que foi por causa de declarações de João Magalhães, que não o poupou por estar a levar o clube de Barcelos à ruína. A decisão não me espanta porque quando não há muitos mais episódios da novela para mostrar, a saída antes da última cena é sempre o acto mais esperado.

Fiúza esteve mal aconselhado neste processo, quis ser herói e agora, percebendo que até os que mais defenderam a teimosia de levar o Caso Mateus até próximo da palhaçada já pensam de outra maneira, vai-se embora, recorrendo a argumentos com tão pouco sentido como os que utilizou para defender a permanência na liga, quando tinha plena consciência do incumprimento dos regulamentos.

Quando não existem argumentos válidos, sobra a propaganda, mas como a propaganda tem um período de validade curto, a verdade vem com naturalidade ao de cima. Fiúza levou o Gil de um clube respeitável ao descalabro. No mínimo, o que se pedia é que assumisse as responsabilidades até às últimas consequências, contribuindo para tentar resolver a situação dos jogadores com o respeito devido porque não se brinca com a vida das pessoas.

É por causa de dirigentes com este perfil que o futebol português não passa da cepa torta. O triste é que quase sempre entram de rompante e saem de mansinho...

FONTE: JORNAL "RECORD" ONLINE (artigo de Sandra Lucas Simões)